sábado, 28 de julho de 2012

O tédio come meus sucrilhos

começa com a espera do
inesperado: o tédio fuma meus
cigarros e come meu
sucrilhos. as paredes e o
tempo se entretêm com minha sanidade. então eu rio da tristeza,
que visita, e fica, 
ao contrário, triste ela, 
pela indiferença inóspita, e sai, e
samba e ri e
volta. oscilo
entre tétrico e apático, e logo os poemas
me escrevem. calço o sapato e ando
ao acaso,
que rompeu comigo,
e canso e
volto, e descalço e
descanso - a dor
meço e
durmo.

sábado, 7 de julho de 2012

me faria bem,

se,
às segundas,
a saudade não nos deixasse tão rabugentos. se
chovesse toda terça e houvesse
mais
compatibilidade musical - talvez
não tanto quanto
te irritar em ré
menor. se,
de quarta-feira,
fizesses coxinha e torcesses pro
Santos, e tivéssemos amigos toleráveis às
sextas e pudéssemos
desperdiçar
as quintas, como nos parecesse mais
conveniente, me faria bem.
me faria bem
se,
aos sábados,
não precisássemos lidar com o tempo, e
lavasses a louça
das minhas tentativas de
te agradar. aos domingos,
me faria bem tomar um gole de Cepacol
quando acordasse - sabes que
café
não está entre meus vícios - e
te acordar
com um número par de
beijos de
boa tarde. se pudéssemos ter tudo
todo
sempre, e ignorássemos
por completo
o calendário; além dos versos
íntimos demais
para serem escritos com um alfabeto
tão vulgar, me faria
muito bem
não te fazer tão
mal.