segunda-feira, 31 de outubro de 2011

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Lapsos de solidão: o ruim e o pior

me sinto só,
quando assisto filmes nas noites insones
e eles me fazem chorar ou
rir. mas me sinto pior
quando assisto filmes nas noites insones
e eles não são capazes
de me fazer
rir
ou chorar ou dormir. me sinto só,
quando leio algo interessante nas tardes frias e
não há ninguém interessante que
se interesse. mas é pior
quando as tardes estão quentes
e ausentes
e ausentes e não há nada interessante para ser
compartilhado. me sinto só,
quando acordo sozinho no lado esquerdo da cama, e
percebo que ela tem travesseiros demais
para minha cabeça
inquieta e insatisfeita, que tanto deseja não sabe bem o
quê. mas é pior
quando a ausência de sono me faz flertar com o lado direito,
tendo os travesseiros como única e
indesejável
companhia. me sinto só
quando como comida congelada, que meu
estômago tanto detesta que eu coma,
sentado sozinho no sofá
da sala,
enquanto constato a decadência e vulgaridade da 
t
e me sinto mais inteligente que a maioria 
das pessoasmas é pior
quando faço um almoço bacana - sabes que sei
cozinhar? - e coloco apenas  um
prato
na mesa da cozinha, imaginando outro
ao lado do sal,
do açúcar e da
insipidez dos
versos e
vírgulas e espaços
vazios.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Consciência e subconsciência como inspiração reprimida:

   "Eu estava dizendo que... É tudo mentira. Estou cheio de inspiração. Mas como posso saber o nome daquilo que quero? Como posso saber que, no fundo, não quero o que quero? Ou que, digamos, não quero de fato o que não quero? São coisas efêmeras, basta dar-lhes um nome, e perdem o sentido. Este derrama-se como água viva ao Sol. A minha consciência quer a vitória do vegetarianismo por todo o mundo, mas meu subconsciente morre por um bife suculento. E eu? O que quero?"

Stalker; Tarkovski, 1978.

domingo, 31 de julho de 2011

Julho

Esse mês não tem poesia.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Cronofobia

minhas espinhas estão sumindo, as paredes do
meu
quarto mudaram de cor, e eu não escrevo tanto quanto costumava
escrever. tempo. tempo: transforma depois em
antes, certeza em dúvida,
saudade em
esquecimento. transforma amor em nada e nada em
amor, com a mesma displicência. tempo é blasé, é cruel, é
irrestituível. tempo é foda, e eu me sinto
mais finito, e paranóico a cada tiquetaquear
do relógio, pois a
vida, o guarda-roupa, o pó, a pinga e o
tempo, seguirão,
sem perder tempo  
comigo.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Osama, rigor mortis, tv, etc.

ligo a tv e
assisto centenas de
pessoas: todas elas eufóricas e quentes, com seus lábios e vozes, ossos e
carne e unhas e cada qual com seu coração
pulsante, comemorando a morte de
outra pessoa: essa perpetuamente imperturbável,
com seus lábios agora
mudos e frios, assim como sua carne - talvez rígida
devido às recém mudanças
químicas conseqüentes do óbito -, além de seu
coração que, evidentemente, não
pulsa mais. comemorar a morte é algo
fascinante: o triunfo de sentimentos humanos primitivos sobre a
moral. tragédia é a vida - assim
como a tv - continuar tão banal e sem
significado.

domingo, 17 de abril de 2011

Sobre pecados e domingos

da mais santa pessoa à mais imunda e
profana, da castidade ao
cio, do sádico ao
sadio, do sábio ao
ignorante, do marido à
adultera e ao
amante. o padre, o pastor, o rabino, o pagão, o ateu e
os caras que nos
acordam domingo de
manhã. a mediocridade é o unico
pecado,e nenhuma recompensa eterna nos será dada em
morte
por desperdiçarmos a
vida terrena. da matéria à
matéria, do verme ao
verme, do nada ao
nada.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Considerações pós-carnavalescas sobre o carnaval e a humanidade

subverti o meio em meu espaço
e o carnaval passou
desapercebido -  assim
como o começo do ano, os últimos cigarros do maço e
grande parte da minha vida - mas a
podridão, a ordinariedade, e a mesquinhez 
humana
continuam desfilando,
ininterruptamente, bloco por 
bloco, cantando juntos enredos diferentes, em um híbrido ininteligível de 
risos e lamentos, de faces mascaradas, corações partidos e mentes entorpecidas, 
na imensa escola
que é a 
vida. (e esse carnaval, Marcelo, 
não tem fim).

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ego

era insaciável e
egoísta. consumia tudo e
todos ao seu redor e
quanto mais se alimentava,
mais faminto e
maior ficava. foi divertido
por uns tempos. mas acontece que a banalidade levou à
insipidez, e tudo não foi
suficiente. e o seu habitual vazio tornou-se
cheio de insatisfação.continuou mais vazio e faminto do que nunca.
devorou-se.