segunda-feira, 28 de junho de 2010

Qualidade e quantidade, potencialidade, utensilidade

   O amarelo do limão não é um modo subjetivo de apreensão do limão: é o limão. De fato, o limão está integralmente estendido através de suas qualidades, e cada uma destas acha-se estendida através de todas as demais. A acidez do limão é amarela, o amarelo do limão é ácido; come-se a cor de um doce, e o gosto desse doce é o instrumento que desvela sua forma e cor ao que denominaríamos intuição alimentar; reciprocamente, se enfio o dedo em um vidro de geléia, o frio pegajoso da geléia é a revelação aos meus dedos de seu gosto açucarado. A fluidez, a tibieza, a cor azulada, a mobilidade ondulante da água de uma piscina se dão juntas, umas através das outras, e é esta interpenetração total que denominamos isto.

O Ser e o Nada - ensaio de ontologia fenomenológica; Sartre.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Constante variável

os lençóis mudam. os batões
mudam. as unhas,
os vestidos, as orelhas, os sapatos, os olhos e as
bocas
também mudam; assim como as trivialidades e os motivos e
consequências das eventuais
discordâncias e posteriores arrependimentos
ocasionais. todos os
nós - enfim
- mudam: cada qual
com seu
eu. muitos
traços, nenhum
esboço.


...o resto é
mutável.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

sábado, 19 de junho de 2010

"Do barro ao barro, do pó ao pó, da terra à terra, nada começa que não acabe, nada acaba que não comece"

O evangelho segundo Jesus Cristo. José Samarago, fim, começo e meio.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Escrevo, amasso e arremesso

mais uma bolinha de
papel
sobre muitas outras bolinhas de
papéis escritas,
amassadas e
arremessadas. se minha altura fosse
equivalente ao tamanho do meu
ego
eu seria um ótimo jogador de basquete: um cesto cheio de
pensamentos inconclusivos e versos
ruins e devaneios
abortados.
imagino que
seria muito agradável descartar todas as outras
coisas
que não me
agradam
com
essa
facilidade.

terça-feira, 8 de junho de 2010

segunda-feira, 7 de junho de 2010